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Bilionários do mundo são mais ricos que 60% da população mundial

Relatório da Oxfam intitulado “Time to Care” que foi divulgado em 20 de janeiro de 2020 apresenta resultados alarmantes. Aponta que a desigualdade global está em níveis recordes e o número de bilionários dobrou na última década. Note-se que a Oxfam, organização não governamental de origem britânica, é conhecida por seus relatórios sobre as desigualdades da economia mundial. A Oxfam Brasil, também sem fins lucrativos, foi criada em 2014 e faz parte da rede global Oxfam que atua em 90 países, por meio de campanhas, programas e ajuda humanitária. O informe anual da Oxfam sobre as desigualdades mundiais é tradicionalmente publicado antes da abertura do Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos, na Suíça.

De acordo com essa pesquisa da Oxfam, em 2019, o total de bilionários no mundo é de 2153 e esse grupo detém mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas em todo o planeta, ou seja, cerca de 60% da população mundial, estimada em cerca de 7,5 bilhões de pessoas. Aponta ainda que o 1% mais rico do mundo detém mais que o dobro da riqueza de 6,9 bilhões de pessoas. Segundo a Oxfam os cálculos se basearam em fontes de dados atualizadas, a saber: dados sobre riqueza no mundo são do Credit Suisse Research Institute’s Global Wealth Databook 2019; e os dados sobre os mais ricos do mundo são da lista de bilionários da Forbes, edição 2019.

A Oxfam enfatiza que essa grande desigualdade em boa parte está pautada em um sistema que não valoriza o trabalho das mulheres e meninas, sobretudo das que estão na base da pirâmide econômica. O relatório dá especial atenção ao que chama de “economia do cuidado” – trabalhos domésticos como limpeza, preparo de refeições e cuidado de crianças e idosos. Com isso, traz à tona um tema que não tem visibilidade e que contribui para esse acúmulo de riqueza, que é o fato de o cuidado não ser remunerado ou ser mal remunerado (tarefas essenciais para o funcionamento dos demais segmentos da economia, deixadas para as mulheres, porém sem a devida valorização). Conforme apontado no relatório, mulheres e meninas empregam 12,5 bilhões de horas de trabalho de cuidado não remunerado todos os dias, contribuindo com pelo menos US$ 10,8 trilhões à economia global todos os anos. Valor que, segundo as estimativas, é mais que o triplo do valor da indústria de tecnologia do mundo.

Outro ponto destacado no relatório é que os governos cobrando poucos impostos dos mais ricos e de grandes corporações, abandonam a opção de levantar recursos necessários para reduzir a pobreza e a desigualdade. De acordo com levantamento da Oxfam uma tributação adicional de 0,5% sobre a riqueza do 1% mais rico, nos próximos 10 anos, equivale a investimentos necessários para criação de 117 milhões de empregos nos setores de educação, saúde e assistência a idosos. Isso possibilitaria, de certa forma, redistribuir parte da imensa riqueza acumulada por uns poucos bilionários.