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População Brasileira vai às ruas

Os ânimos do cenário político, diante das mais recentes notícias da Lava Jato, foram acirrados pela expedição de pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula e pela definição do rito de impeachment da presidente, levando centenas de milhares de pessoas às ruas de diversas cidades, em todo o país, no dia 13 de março, em manifestações para reivindicar a saída da presidente. As estimativas da Polícia Militar em diferentes estados totalizam mais de 3,3 milhões de pessoas nos protestos ocorridos em pelo menos 250 cidades.

Em São Paulo, considerado termômetro político e social do país, inclusive anti-PT, segundo o Instituto Datafolha, o ato reuniu 500 mil pessoas na avenida Paulista, sendo considerada a maior manifestação de rua da história da democracia do Brasil após o fim da ditadura. A Polícia Militar calculou 1,4 milhão e os organizadores, 2,5 milhões. A título de referência de multidões, vale lembrar que a marcha pelas eleições “Diretas Já” levou às ruas 400 mil pessoas, em 1984.

A população foi à rua para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte das instituições brasileiras. Houve provocações, conforme divulgado pela mídia, contra militantes do PT que, supostamente, seriam pagos para comparecer a atos pró-Governo. Porém foram manifestações pacíficas e, apesar da multidão, não foram registradas ocorrências graves.

Muitos acreditam que a permanência da presidente impede que a crise política se resolva e consequentemente que se desate o nó da economia.

No decorrer dessas manifestações a presidente passou o dia em Brasília, no Palácio da Alvorada, não apareceu em público, nem fez pronunciamento. À noite, o Palácio do Planalto divulgou uma nota: “A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada”.

No dia 18 de março, manifestantes realizaram atos em favor do governo da presidente, em 55 cidades, em todos os estados e no Distrito Federal e, pela primeira vez contaram com a presença do ex-presidente Lula que fez um discurso em São Paulo. Segundo a Polícia Militar os atos reuniram 275 mil pessoas e segundo os organizadores a contabilidade somou 1,3 milhão. Segundo os organizadores, os atos foram em apoio à democracia, ao governo da atual presidente e ao ex-presidente Lula.

Os maiores protestos foram em São Paulo: 80 mil pessoas na avenida Paulista, segundo a Polícia Militar; 380 mil na conta dos organizadores e 95 mil na conta do Instituto Datafolha.

A discussão política é a tônica do momento. Cada um tem a sua convicção. Mas o país não pode mais continuar paralisado. A crise econômica também é assustadora: recessão, aumento do desemprego, contas públicas em desequilíbrio.

O Ministério do Trabalho divulgou no dia 22 de março que foram fechadas 104.582 vagas com carteira assinada, em vários setores da economia. A única exceção foi o setor da administração pública que contratou 8.583 pessoas. Esse foi o pior resultado em 25 anos para o mês de fevereiro.

Números divulgados pelo IBGE, em 23 de março, resultantes da Pesquisa Mensal de Empregos (PME) mostram que a taxa de desemprego apurada nas seis principais regiões metropolitanas do país: Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre ficou em 8,2% em fevereiro ─o maior patamar para o mês desde 2009. Infelizmente, ficou evidente a queda na ocupação: houve cortes mesmo. Além daqueles setores que já vinham demitindo pessoal, como a indústria e a construção, agora também está acontecendo no comércio.

Conforme dados do Ministério do Trabalho, em fevereiro, houve perda de 55.520 vagas no comércio que, sozinho, respondeu por pouco mais da metade dos postos perdidos em todo o país.

Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), elaborada pelo IBGE e divulgada em 24 de março, o desemprego sobe e atinge 9,6 milhões de pessoas no país.

Especialistas alertam que as perspectivas são as piores possíveis, pois, diante da onda de desconfiança que varreu o país, não há como o nível de atividade se recuperar a curto prazo. A crise política contribuiu para a queda acentuada do PIB; para a alta da inflação; para a falta de investimentos; para a queda do rendimento real; e para que as demissões se acelerassem. Os trabalhadores estão pagando a conta!

Com certeza, dentre aqueles que participaram das recentes manifestações, há milhões de brasileiros que só pensam em como escapar dos desastres resultantes da política econômica adotada nos últimos anos e da onda avassaladora de corrupção.

De fato, urge que a sociedade faça muito barulho para despertar o legislativo, o executivo e o judiciário.