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No Brasil, parcela de famílias endividadas em 2020 é a mais alta em dez anos, diz CNC

Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo ─ CNC traçou o perfil do endividamento das famílias brasileiras em 2020, ano atípico, marcado pela pandemia da Covid-19. Segundo resultado divulgado em janeiro de 2021 a média de famílias endividadas no ano passado cresceu 2,8 pontos percentuais, comparado com 2019, chegando a 66,5%. Essa foi a maior porcentagem anual da série iniciada em 2010.

A CNC utilizou dados dos resultados mensais da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que é realizada pela própria confederação, coletando dados, mensalmente, em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.

No entender da CNC os impactos negativos da pandemia ao longo do ano impuseram a adoção de medidas de recomposição de renda, como por exemplo, o auxílio emergencial e o estímulo de crédito, como forma de preservar algum nível de consumo pela população brasileira. Houve tendência de alta no percentual de famílias endividadas ao longo de 2020, até agosto ─cujo nível atingido, 67,5%, foi recorde ─ e, a partir daí, a trajetória de tal percentual foi de queda e fechou dezembro em 66,3%.

Para o presidente a CNC, José Roberto Tadros: “Em conjunto com a redução dos juros ao menor patamar da história e com a inflação ao consumidor controlada em níveis baixos, estas ações forneceram às famílias condições de ampliar a contratação de dívidas e renegociar as já existentes”.

Por outro lado, o estudo demonstrou que, com mais pessoas endividadas, também houve aumento na inadimplência em 2020; embora o total de famílias com dívidas ou conta em atraso tenha apresentado a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2% em dezembro. Na comparação com igual mês em 2019, porém, o percentual cresceu 0.7 ponto percentual.

Na média do ano passado, a inadimplência atingiu 25,5%; portanto, acima dos 24% de 2019. Ou seja, a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso cresceu 1,5 ponto percentual. As famílias que disseram não ter condições de pagar as dívidas em atraso somaram 11% em 2020, percentual acima do ano anterior que foi 9,6%. O percentual de pessoas que se disseram muito endividadas subiu de 13,3% em 2019 para 14,9% em 2020. As principais fontes de dívidas são cartão de crédito (78,7%), carnê (16,8%), financiamento de carro (10,7%), financiamento de casa (9,5%) e crédito pessoal (8,5%).

Observou-se ainda que a expansão do endividamento se deu de forma mais intensa entre as famílias com até 10 salários mensais de renda e, no mesmo grupo, também foi mais expressiva a piora nos indicadores de inadimplência.