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Aumento da fome no mundo por conflitos, por mudanças climáticas e por crise econômica agravado pela pandemia tende a piorar, alerta ONU

As estimativas do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU), em relação à fome no mundo são assustadoras. O mais recente estudo desse programa aponta que o acesso a alimentos é extremamente desigual; que uma refeição básica está muito além do alcance de milhões de pessoas em 2020 e que, a situação mundial causada por conflitos, por mudanças climáticas e por crise econômica se agrava com a pandemia da covid-19. O alerta é que o número de pessoas passando fome aumentará 80% antes do final de 2020. Diz diretor executivo do PMA/ONU, David Beasley, que: “obviamente as tensões sociais crescerão, a migração aumentará, os conflitos aumentarão e a fome provavelmente afetará aqueles que não experimentaram isso antes”.

O relatório Custos de um Prato de Alimentos 2020 da ONU destaca os países onde uma refeição simples, custa mais, quando comparada com o rendimento das pessoas. Conforme relatório da ONU, Sudão do Sul, no quesito alimentos, é o país com maior insegurança do mundo, sendo que o custo de ingredientes básicos passou de 27% (antes da pandemia) a 186% (com a pandemia) da renda diária de uma pessoa.

O conflito é apontado como um fator central para a fome em muitos países, uma vez que esse obrigou as pessoas fugirem de suas casas, terras e empregos. Isso baixou drasticamente o rendimento e a disponibilidade de alimentos a preços acessíveis. No Sudão do Sul, por exemplo, país com o prato de comida mais caro, a violência já deslocou mais de 60 mil pessoas e está prejudicando colheitas e meios de subsistência, diz o relatório. Dezessete dos vinte principais países em situação semelhante estão na África Subsaariana.

Dentre os 20 primeiros países destacados, figura também o Haiti, cujo povo gasta mais de um terço de sua renda diária em um prato de comida. E as importações representam mais da metade dos alimentos (83% do arroz consumido no Haiti), o que torna o país vulnerável à inflação e à volatilidade dos preços nos mercados internacionais, segundo o relatório.

Dados divulgados pela FAO/ONU (Food and Agriculture Organization), em julho de 2020, mostraram que entre 2017 e 2019 o número de pessoas em situação de insegurança alimentar moderada no Brasil chegou a 43,1 milhões; um aumento de 18,3% para 20,6% comparado ao período entre 2014 e 2016. Enquanto, em 2019, levantamento do IBGE revelou que a insegurança alimentar grave (na qual pessoas relatam passar fome) atingiu 10,3 milhões de pessoas no país.

Sobre o aumento da fome no mundo, segundo relato da FAO/ONU dezenas de milhões juntaram-se às fileiras de pessoas subnutridas nos últimos cinco anos. Cerca de 690 milhões de pessoas passaram fome em 2019 (cerca de 8,9% da população mundial), representando um aumento de 20 milhões em relação a 2018 e de quase 60 milhões em cinco anos. E, diante da recessão econômica desencadeada pela covid-19, a tendência é que a situação se agrave mais.

Note-se que a situação das pessoas que vivem em áreas urbanas também foi destacada pelo diretor executivo do PMA/ONU, que lembrou que “a covid-19 levou a enormes aumentos no desemprego e, para milhões de pessoas, perder um dia de trabalho significa perder um dia de comida para elas e seus filhos”.

O PMA/ONU conquistou, conforme divulgado em outubro, o Prêmio Nobel da Paz, por seus esforços para combater a fome e melhorar as condições para a paz em áreas atingidas por conflitos; inclusive por ter intensificado ações em meio à pandemia da covid-19.