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Brasil registra queda na inadimplência, apesar da crise resultante da pandemia

Mesmo com a projeção de que o PIB do Brasil encolherá -5,03%, em 2020, feita pelo Banco Central e pelas instituições que participam do Relatório FOCUS o que, sem dúvida, retrata acentuado comprometimento da atividade econômica, os índices de restrição ao crédito apresentam declínio nos últimos meses. E, surpreendentemente, os níveis de inadimplência apresentam queda em plena crise, resultante da pandemia da Covid-19.

Especialistas atribuem esse inédito recuo de inadimplência, ao auxílio emergencial ─ que compensou o impacto da recessão sobre a massa de salários e ao fato de que no auge da pandemia, os bancos permitiram o adiamento dos pagamentos por sessenta dias. Também atribuem esse recuo à redução da taxa SELIC, pois com a queda de juros básicos, aumentaram as renegociações de débitos a custo mais baixo. Adicionam a isso, ainda, os programas do governo federal para socorrer as pequenas e microempresas, principalmente no que diz respeito à insolvência das pessoas jurídicas.

Além disso, muitas empresas aumentaram os investimentos em estruturas de cobrança para reaver os valores em atraso, inclusive flexibilizando suas políticas de crédito, visando fortalecer o relacionamento com seus respectivos clientes.

O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, empresa que monitora a situação financeira de consumidores e empresas no país, afirma que “a queda da inadimplência é algo inédito”. Relata que, em julho, último dado disponível, 63,5 milhões de brasileiros estavam inadimplentes, segundo pesquisa da Serasa. São 2,5 milhões de pessoas a menos em relação ao mês de abril, quando o Brasil parou por causa da Covid-19. Houve recuo do número de empresas com dívidas atrasadas, em julho, para 5,8 milhões, o menor nível do ano e a mesma quantidade de empresas inadimplentes em julho de 2019.

Segundo a Febraban, conforme divulgado pela mídia, desde o início da crise até agosto, dos R$110,5 bilhões em dívidas que os bancos postergaram, a maior parte beneficiou pequenas empresas e pessoas físicas, a saber, R$ 62,2 bilhões. E agora começa a vencer a primeira parte das carências concedidas e, diante do desemprego ainda elevado, se evidencia a preocupação com o possível aumento da inadimplência.

Alguns economistas alertam que, até o final do ano, a inadimplência pode voltar a subir. Como é o caso de Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que considera, por exemplo, que “devido à carência dada pelos Bancos, o indicador da inadimplência não está saindo do lugar”. E lembra, ainda, que “o auxílio emergencial de R$ 600 foi reduzido pela metade, a partir de setembro” e questiona se, “após o fim dessas medidas, a economia terá capacidade de voltar a crescer por conta própria para fazer frente à inadimplência, uma vez que o investimento não foi retomado”.