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Alta da pobreza extrema, a primeira nas últimas duas décadas, pode atingir 115 milhões da população global, alerta o Banco Mundial

Sob o impacto da pandemia do coronavírus, a pobreza extrema deve aumentar no mundo, em 2020. Para o Banco Mundial, a pobreza extrema ─ definida como aquela que vive com menos de US$1,9 por dia─, pode aumentar este ano, atingindo de 88 milhões a 115 milhões de pessoas no mundo; com tendência a chegar a 150 milhões em 2021 dependendo da severidade da contração econômica.

Relatório do Banco Mundial, divulgado dia 7 de outubro, destacou que “a redução da pobreza sofreu seu pior revés em décadas, após quase um quarto de século de declínio constante da pobreza extrema em todo o mundo”. David Malpass, presidente do grupo Banco Mundial, alertou que “a pandemia e a recessão global podem levar mais de 1,4% da população mundial para a pobreza extrema e que, para rever este sério contratempo aos avanços no desenvolvimento e à redução da pobreza, os países precisam se preparar para uma economia diferente pós-Covid”. A instituição financeira estima também que a economia terá uma retração de 5,2% em 2020, a maior queda do PIB em 80 anos.

Segundo o relatório do Banco Mundial, pessoas no grupo de extrema pobreza representarão entre 9,1% e 9,4% da população global em 2020; o que, então, significa regressão ante a taxa de 9,2% em 2017. E se não tivesse havido a pandemia, a expectativa era de recuo na extrema pobreza para 7,9% da população mundial em 2020.

Nos últimos cinco anos, o Brasil já vinha tendo aumento da pobreza extrema. Dados da Pnad Contínua, divulgados pelo IBGE, apontaram que, em 2019, 13,88 milhões de brasileiros viviam nessa condição, cerca de 170 mil mais do que no ano anterior. Entretanto, em 2020, a tendência foi interrompida graças ao pagamento do auxílio emergencial, que tem amortecido o efeito da crise, especialmente entre as famílias de baixa renda. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, pautado nos dados da Pnad Covid-19, estima que, entre maio e agosto, a parcela da população abaixo da linha de pobreza recuou de 4,18% para 2,29%. Contudo, essa melhora tende a ser circunstancial, dizem especialistas; pois com a diminuição do valor do auxílio emergencial, os indicadores de pobreza podem novamente piorar.

Por outro lado, os mais ricos do mundo têm visto a fortuna crescer durante a pandemia. Investiram principalmente no mercado acionário na baixa, entre março e abril, quando o mundo entrou em quarentena e, depois, lucraram com a recuperação do valor das ações. Segundo o banco suíço UBS houve cerca de 27% de aumento no valor de tais fortunas e o número de bilionários passou de 2158 em 2017, para 2189 em 2020.